quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os samurais e a gestão de projetos

Texto de: Werley Machado, Shodan – Aizen Dojo Brasília (DF)




Com certeza todos nós já passamos por dificuldades para resolver um grande problema, relacionado à família, ao trabalho, ao estudo, sendo que muita energia e tempo foram gastos para se chegar à resolução. Provavelmente, muitas vezes paramos e pensamos após o fim do problema: “Puxa, não precisava desse desgaste todo... acho que havia um caminho menos traumático para solucioná-lo.

Bem, gostaria de apresentar um modo de lidar com essa situação, aproveitando a experiência adquirida no trabalho e no Aikido. Não se trata de uma idéia nova, é apenas a aplicação contemporânea de conceitos criados há muito tempo, trazidos pelos antigos guerreiros samurais: estratégia, planejamento e execução coordenada.

Atualmente, esses conceitos são moldados pela ciência que estuda a administração das organizações de um modo a torná-los aplicáveis ao dia-a-dia. Minha intenção não é falar sobre a Administração em si, mas numa vertente que ganhou peso nos últimos anos: gestão de projetos. Conceitualmente, “projetos” são atividades finitas, realizadas sob encomenda para desenvolver um produto inovador ou fornecer um novo serviço. Para mim, nada mais é do que dar foco, se organizar para resolver um problema, que o momento atual da família, trabalho, estudo, organização não consegue solucionar por estarem mergulhados na rotina.


Outro dia, assisti a um filme antigo que retrata alguns pontos que destaquei, sobre os conceitos dos guerreiros de outras épocas. Para quem já teve a oportunidade de assistir o filme “Os Sete Samurais” (1954), de Akira Kurosawa, pôde apreciar uma obra de arte do cinema mundial, pela beleza da fotografia, originalidade nas tomadas de câmera, as cenas de duelo e combate, além das várias inovações que inspiraram outros produtores e diretores de cinema.

A cultura japonesa sempre trouxe contribuições preciosas para a humanidade em diversas dimensões: arte plástica, música, ciência, literatura, administração, espiritualidade. Entre as contribuições japonesas, gostaria de destacar, no meu entender, uma das que mais importantes para administração: o “Caminho do Guerreiro” (Bushido), alicerce dos samurais que viveram a época do Japão Feudal, nos século VIII ao XV, e destacado por O-Sensei.

Vou pedir licença aos amantes do cinema e das artes marciais para explorar a mensagem da “gestão de projetos” presente no filme que me saltou aos olhos quando assisti. “Os sete samurais” dão uma verdadeira aula de como planejar, executar, controlar e avaliar um projeto para resolver um grande problema. Esse jeito de ser do povo japonês, de se organizar, planejar e executar de forma coordenada para resolver problemas, remonta de alguns milênios e se perpetua até hoje na administração das organizações, como por exemplo, o jeito “Toyota” de ser, que trouxe um modelo de gestão da qualidade que marcou época. Os guerreiros samurais que seguiam o Bushido conseguiam gerir projetos de forma chegar aos resultados esperados, essa postura está bem retratada no filme de Akira Kurosawa.

Bem, voltando à gestão de projetos, observamos que o ciclo de vida de um projeto é composto de quatro fases: planejamento, alocação, implementação e encerramento. Trazendo o enredo do “Os Sete Samurais” para a ótica de projeto, percebemos claramente a construção da solução dentro dessas fases:

I) Planejamento – definição dos objetivos e parâmetros do projeto: no filme, os lavradores cansados dos bandidos, que os matavam, levavam suas mulheres e saqueavam sua produção de alimentos, decidem resistir aos ataques. Escutam o ancião da aldeia que orienta recrutar samurais para coordenar a resistência.

II) Alocação – Montar a equipe e rever plano com a equipe: os aldeões vão procurar samurais interessados na causa, todavia seus recursos para remunerá-los se restringem a alimentos e estadia. Seguindo orientação do ancião, eles vão a procura de samurais famintos. Encontraram um samurai experiente (Kambei) que se encarrega de recrutar os demais (6) e de coordenar o treinamento dos aldeões para a luta. O plano de resistência é elaborado pelos samurais, que verificam os pontos positivos e negativos da aldeia: terreno, entradas e saídas, localização, limites que serão defendidos etc..

III) Implementação – Controlar mudanças, monitorar e relatar o progresso: os samurais e os aldeões se prepararam para o assalto dos bandidos (40), que se surpreendem com a recepção na aldeia. Várias batalhas se desenvolvem, alguns samurais se destacam na condução das atividades planejadas. O samurai coordenador faz pontos de controle para avaliar o progresso do plano traçado, verificando por exemplo as baixas dos dois lados e promovendo ações, em conjunto com os demais samurais, para manter o foco no objetivo: motivação dos aldeões, reforçar pontos vulneráveis na aldeia, replanejar investidas contra os bandidos.

IV) Encerramento – avaliar o desempenho e encerrar o projeto: Por fim, todos os bandidos são eliminados e os aldeões conseguem atingir o resultado esperado. O samurai Kambei faz um balanço do projeto, reflete sobre a relação entre os guerreiros e a classe de agricultores,  destaca a vitória dos aldeões ao preço da vida de quatro companheiros samurais.

No meu entender, na vida real, assim como no filme, só é possível tratar um problema com a intenção de resolvê-lo, se uma série de atitudes for colocada em prática: (i) reconhecer que não é possível conviver mais com o problema; (ii) aceitar que as vezes é necessário buscar ajuda especializada; (iii) traçar uma estratégia/plano; (iv) seguir o que foi planejado; (v)  verificar realizado versus planejado, adotando os ajustes de curso quando necessários; (vi) avaliar o resultado, verificando a necessidade de manutenção ou não dos novos processos/atividades.

Assim como no Aikido, existem muitos caminhos para se resolver um único problema, que a meu ver estão classificados de acordo com a energia a ser gasta para colocá-los em prática. É nesse momento que o administrador ou praticante de Aikido deve procurar aplicar as técnicas adequadas, para otimizar esforço versus resultado esperado.

Referências: Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Sete_Samurais. Gestão de Projetos, Atlas, publicação 2001, autor Luiz C. de M. Menezes.

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Um comentário:

  1. Excelente texto, parabéns!!!!
    Cada vez mais entendo que o planejamento em tudo que fazemos pode eliminar ou minimizar os erros, buscar soluções olhando a causa do problema e não somente os efeitos em nossas vidas... Vamos buscar a excelencia!!!!

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