PorTiago Vieira de Oliveira Borges
Shodan do ITN- Instituto Teruo Nakatani - Goiânia

Antes
de entrar nos pormenores, peço licença para fazer um breve apanhado conceitual
deste já famigerado termo. Numa breve incursão no Wikipedia temos que: “O termo política
é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que
indicava todos os procedimentos relativos à pólis,
ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado
quanto sociedade,
comunidade,
coletividade
e outras definições referentes à vida urbana”. Além disso não poderíamos deixar
de citar a célebre frase de Aristóteles: “ O Homem é um animal político”.
Deixando de lado o
conceito pejorativo da política, e observando-a por um prisma diferenciado,
temos que a política é a arte de convivência entre as pessoas em determinado
ambiente, tentando conjungar diversos aspectos morais, psicológicos e de modo
de vida. Poderia também ser dito que inclui um indíviduo ou coletividade
tentando fazer valer suas vontades em detrimento de outrem sem, no entanto,
gerar um conflito que extravasasse o campo das ideias.
Não quero me tornar enfadonho e entrar em discussões
acadêmicas sobre termos e conceito e fazer com que você – leitor - me abandone
antes que eu possa concluir meu artigo. Então, antes de entrarmos na ideia a
que o título remete, deixo apenas um breve significado da palavra Harmonia:
“conceito clássico que remete às ideias de beleza, proporção e ordem”.
Isto posto, seria a prática da política algo condizente
com a harmonia? Qual foi a intenção de Morihei Ueshiba ao propor a nós - homens
e, portanto, animais políticos - uma arte marcial que requer harmonia por parte
dos praticantes?
Em meados da década de 40 do século passado começou a ser
delineado esta ideia de que uma arte marcial poderia ser utilizada como fonte
de uma convivência mais harmonica entre os homens, já que todos estavam
aterrorizados com o ponto em que chegamos através da confecção de artefatos
bélicos que poderiam facilmente dizimar, em segundo, milhares de pessoas, não
fazendo distinção entre soldados inimigos e sociedade civil.
Dentro deste contexto, os homens deveriam voltarem a si
mesmos, tentando se aperfeiçoar (psicologica e fisicamente) e as armas
serviriam não mais para matar e, sim para nos auxiliar na evolução do nosso
auto-controle, tudo iso com o intuito de podermos conviver de forma harmonica e
pacífica perante nossos semelhantes, criando, assim, uma sociedade melhor.

Com o falecimento de O-Sensei, intensificou-se a diáspora
do Aikido pelo mundo e, tenho para mim, começaram os problemas de ordem política. Como não havia mais uma
pessoa que personificasse os ideiais da arte, logo surgiram problemas de
hierarquia, envolvendo tudo aquilo que nos torna humano, inveja, ciúmes,
vaidade e por aí vai. Logo, a implosão da harmonia proposta pela arte deu-se em
sua fonte, onde surgiram organizações dissidentes daquela oficialmente criada.
E, juntamente com divulgação do Aikido pelo planeta, de
seus nobres ensinamentos e movimentos fluídos e plásticos, importamos também
todos os problemas organizacionais. Em terras tupiniquins defederam a tese que
os problemas advinham dos arcaímos dos professores japoneses que aqui
desembarcaram e que a solução estaria em solucionarmos a moda ocidental, já que
tudo não passava de conflitos culturais.
Assim, criamos uma, duas, dezenas de organizações que,
não só não resolveram as diferenças, como conseguiram o grande feito de
ampliá-las, a despeito de não promovermos campeonatos entre os praticantes e,
assim, supostamente não alimentarmos rixas de caráter egocêntricos. Então,
hoje, enquanto escrevo aqui do cerrado brasileiro, posso dizer que somos um
exército de praticantes de Aikido, assim como queria o Fundador, mas sem, ou
com pouca, comunicação e pratica entre si, algo que ele não deve ter imaginado.
Dado este sucinto relato, as vezes me pergunto qual a
finalidade de minha prática no Aikido, se, no fim, isto acabará me levando à
desentendimentos com aqueles que já foram meus companheiros de treino e, desta
forma, me abster do convívio deles ao invés de estar agregando mais e mais braços à nossa causa?

Se continuo os meus treinos? Sim, claro! Ainda não fui
“infectado” por esta “doença” que acomete a tantos, tenho o maior prazer de
treinar com todos os praticantes e também em ensinar o pouco o que sei da arte,
de certa forma ainda sigo em minha ilusão e tenho muito a percorrer nesta difícil
trilha. Gostaria apenas de deixar aqui uma pergunta para você que teve paciência de me acompanhar
até aqui:
“Você, que está no túnel a mais tempo do que eu, existe
luz no final?”
Este é um tema que pede uma maior reflexão, até um debate.Pois é recorrente e afeta muitos praticantes
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