terça-feira, 2 de agosto de 2011

Morre o homem, fica a fama


Por: Gustavo N. Santos (Aikidô ITN Brasil - Academia CLAM, Goiânia)

Revisão: Thiago Brandão (Instrutor Aikidô ITN Brasil - Academia CLAM, Goiânia)
Supervisão: J.F. Santos (Instrutor Chefe  Aikidô ITN Brasil)


Às vezes fico pensando, que adjetivo dirão após mencionarem meu nome? Será que dirão mentiroso, ladrão, vagabundo ou dedicado, trabalhador, responsável, honesto...?

Acho esta uma reflexão muito válida e sei que ela é muito presente no código de vida de um cavalheiro (guerreiro ou bushi).

A visão oriental é de fora para dentro, o que os outros vêem. O que é completamente diferente da nossa visão ocidental, o que eu vejo. Desta forma, o correto é pensar o que pensam de mim, o que eu apresento, e não o que eu penso de mim ou vejo para os outros.
           
Veja, existe uma consideração muito séria aí, pois quando quero passar uma imagem para os outros que não seja verdadeira, não consigo sustentá-la por muito tempo já que é algo externo e logo sairá. Assim como uma personagem, uma carapuça ou máscara. Tentar sustentar uma farsa pode ser muito cansativo e penoso.

O correto é que haja uma transformação interior para que seja duradouro e verdadeiro.

“Até a criança se dá a conhecer pelas suas ações, se a sua conduta é pura e reta”.

Não são as palavras, ou vídeos, ou escritos que mostrarão nossa conduta, mas sim nosso dia-a-dia e nossos exemplos.

Na idéia samuraica devemos estar sempre atentos que a morte está na próxima esquina. As falhas devem ser corrigidas instantaneamente, pois pode não haver tempo para corrigir depois.



Quando comentei este conceito com um amigo meu, eu disse: E se hoje fosse seu último dia? Ele de pronto respondeu o mais óbvio, que faria tudo o que fosse prazeroso e isso lhe daria uma morte feliz...

Mas eu acho, particularmente, que deva existir algo maior. Que ao saber de nosso último dia devemos colocar todas as nossas pendências em dias, pendências com nossos amados, nosso trabalho, nosso legado. Afinal, o que ficará depois da partida? O que eu deixarei neste mundo?

Uma das maiores lições do Bushidô não é ter desapego pela vida, qualquer pessoas descompromissada tem muita facilidade de morrer – como vemos em pessoas que desistem da vida enquanto ainda respiram usando drogas ou fazendo coisas estúpidas.

A maior lição é saber morrer, saber que sua morte deixará algo e que esta coisa pode ser de grande valor. Não precisamos ser guerreiros para saber destas coisas. Na verdade, os exemplos que temos nesta área são de pessoas que sabem o valor da vida e, principalmente, o da morte (Cristo, Ghandi, entre vários outros).

O exemplo será nosso legado, espero que ao lembrarem de mim digam coisas como dedicado, agradável,responsável, etc.. que meus filhos, netos, bisnetos,... vejam minhas fotos e tenham orgulho do que fiz e deixei.

Morrer com honra é para homens cotidianos, não precisa ser algo exclusivo de mártires.Trabalhemos honestamente, sejamos dedicados e busquemos a excelência em tudo o que fizermos. Isto já garantirá um bom legado.

Devemos aproveitar o que a filosofia do Budô nos deixa de mais valoroso para que consigamos construir uma sociedade melhor para nossas próximas gerações.

Espero que vivamos em plenitude e sem medo da morte estar tão perto, pois a morte só serve para nos lembrar quão valioso é o tempo e tudo de maravilhoso que temos à nossa volta.

--------
conheça a página do Aikido ITN no Facebook, clique AQUI
siga o Aikido ITN no twitter, clique AQU

Um comentário: